11.06.2009

Não vale a idade


embala-me como se não me quisesses tirar da prateleira
deste-me um prazo sem validade para não ter que esperar
e quando me acharam feio foste tu quem foi provar
que estava enganado por me achar podre por dentro

sabia que a fruta que te adoça a boca não podia ser ruim
que as ameixas que te sujam a roupa não podiam ser assim
se elas fossem mesmo más não estariam junto a mim
quando o meu lindo és tu
e se caio?
e se seco?
e se quebro antes do fim?

esta espera que é para já
mata-me por ser agora
esta vida de tão curta
sabe sempre a uma demora



in "o cheiro da sombra das flores", de João Negreiros